domingo, 13 de novembro de 2011

O sistema sem sistema #Fato

As sucessivas crises nas principais economias mundiais de maneira crônica nos últimos três anos, emitiram um sinal de alerta ao tal mundo globalizado. Isso se deve ao fato de economias como a dos Estados Unidos, Inglaterra e Itália não representarem mais inabalável segurança financeira, fazendo estas nações praticantes do modelo neoliberal, financiado e propagado por estas via Fundo Monetário Internacional (FMI), andarem na contramão de seus princípios, ao se sustentarem na intervenção estatal, dentre outras práticas para não entrar em colapso econômico e social.

Paralelo a crise financeira, o mundo também assiste revoluções históricas no Oriente médio, onde o povo definitivamente resolveu romper com modelos autocráticos, sem contudo expressar a certeza da instalação de estados democráticos, elucidando mais uma necessidade de mudança de governante que de modelo em si, conforme apontam alguns especialistas.

Trazendo para a América do Sul, recentemente estudantes chilenos radicalizaram contra as medidas neoliberais do atual governo, bem como de governos anteriores desde o general Pinochet que privatizou o ensino público e seguiu a risca a cartilha do FMI, agora considerada um equívoco.

No Brasil estudantes da USP iniciaram um movimento pela descriminalização da maconha que em razão da repressão policial acabou se tornando um movimento de todos os que são contras ao cerceamento da liberdade. Impulsionado pelo desastroso comentário do governador neoliberal do PSDB de São Paulo Geraldo Alckmin ao dizer que os estudantes da USP precisavam de uma aula de democracia. Mas, seria a democracia “Alkiminiana” a ausência de liberdade de expressão?

No Acre, nos últimos 12 anos o governo petista rumou para posicionamentos mais democráticos, popularizando a informática e criando redes de inclusão social, como é o caso da iniciativa “Floresta Digital” que visa oferecer acesso gratuito à rede mundial de computadores para toda a população. Tal fato merece destaque, pois a nova sociedade mantem-se informada e conectada via redes sociais, caso do Twitter e do Facebook, além de blogs e outros sites não dependendo apenas das linhas editoriais das revistas e canais de TV aberta disponíveis no Brasil.

Entretanto, apesar da existência de modelos econômicos e estruturas governamentais a serem adotadas, ainda existe no Brasil cidades com o perfil administrativo não identificado na literatura econômica, social e administrativa. Caso de Cruzeiro do Sul, onde em pleno século XXI a cidade é conduzida sem um planejamento estratégico, sem plano diretor, sem estrutura organizacional e hierárquica bem definida, ou seja, sem uma filosofia ou um objetivo claro.

Enquanto os jornais e as bancas de especialistas debatem qual seria o modelo econômico e de desenvolvimento sustentável a ser adotado pelos gestores públicos, cidades como Cruzeiro do Sul, perdem a oportunidade do progresso em razão de não disporem de nenhum tipo de mecanismo que possa de alguma forma impulsionar o desenvolvimento.

Nestas cidades, enquanto o índice de desenvolvimento humano expressa a necessidade de investimentos sociais, as operações tapa buracos, os sacolões e a distribuição indiscriminada de algum tipo de fármaco, constituem os únicos passos possíveis de gestões como a da cidade citada. É o sistema sem sistema, ou seja, a política intuitiva e sem planejamento.

Contudo, os avanços nos meios de comunicação e o número crescente de filhos da era digital parece está condenando alguns coronéis, já que o modelo se assemelha ao coronelismo do século passado, a perderem seus postos nas administrações públicas, fato que poderá aumentar a corrida para uma cadeira no poder legislativo, visto que o modelo político brasileiro ainda dá sustentabilidade para sujeitos sem a mínima condição de administrar uma banca de balas se manterem no poder por meio dos diversos proselitismos praticados diariamente.

 
Copyright (c) Marcelo Siqueira